13.6.24

Organizar som

Minha relação com o fruitloops ainda tem sido um tanto compulsiva (mas hoje menos), no sentido de ao abrir o programa eu só conseguir sair ao sentir que finalizei uma faixa completa. Às vezes é rápido, às vezes se sobrepõe às obrigações pelo menos mentalmente - trabalhar com a liberdade de freelancer inspira a desorganização e a busca pelo prazer, ainda mais quando o projeto da vez não me é tão instigante criativamente.

Ficar tranquilo com isso também é um processo que tenho dominado melhor, porque ainda sou muito apegado ao ideal de trabalho carteira assinada de 8 às 18h e qualquer escolha que fuja dessa dinâmica ao longo do meu dia me parece uma violação da grande ordem. Crio coisas variadas, balanceio as atividades e entrego o trabalho, tudo certo, e ainda me sinto errado. Mas hoje menos.

No fim de maio o David Lynch anunciou algo pra se ver e ouvir. Paralelamente, começava a estruturar a ideia de um álbum, um "melhores hits" das minhas musiquinhas, ideia alimentada pela vontade gritante de mostrar a brincadeira. Estruturar como projeto é uma delícia e por isso vou desenvolver todo um projeto gráfico pra portfoliar. Pois, né?

Talvez eu use o som como um campo aberto de prazer porque crio sem as pretensões que a criação de imagem me traz agora, no entrelaçamento entre expressão artística e trabalho, o que e o que se antecipa. Uma dicotomia entre verdadeiro e comercial e o também apego a um desejo de sucesso, desejo de criança que se encantava com os desenhos do Cartoon gravados pela prima numa VHS e se via dentro da televisão no futuro, um fazer "dar certo", algo que São Paulo emana pelos poros do concreto sendo a boca do escapamento da formatação neoliberal do modo de viver.

Dia 5 de junho o Lynch anuncia um álbum de música. Papai e eu estamos conectados mais uma vez, penso kkkkkk

Hoje acordei e aproveitando um instrumental gostoso que criei ontem, saiu do caldeirão um certo teaser pro projeto do compilado de sons que vou organizar, primariamente, pra subir aqui no blog e ficar ouvindo até cansar. Quem mais ouvir dentro de suas casas aí deixo pro universo.

Como organizo som como desenho, como colagem, como o que cozinho, a última faixinha que saiu de mim foi o Lima Duarte comemorando por não estar mais "isolado do mundo". Vontade de mostrar mesmo, tudo o que faço faço pra mim e isso permite que eu faça, mas eu faço pro mundo também. Garrafinha na água.

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