9.6.24

Djavan

     A voz limpa de Djavan vai num súbito trêmulo de quem vibra verdade. "Só eu sei", esquinas, vira, só ele sabe o que é ser Djavan voltando pra si uma voz de lá entregue um ouvido de cada vez Kremlin, Berlin, assim soa um fabricante de imagens vistas não mostradas para mim. Cantar a palavra a terra, vibra tectônica num vinil - plano que oscila. O plano fissurado ruidoso que chia em clareza pois está lá, girando como um relógio, girando como o tempo, dois tempos, quatro tempos, topázio, Djavan lado A: vira.
    Virado a sair sombra de instrumento humano, Djavan quer soar um cozinheiro guardião de cores e nomes, verbos vibram na ondulação do plano que vacila, vez de trova hão de ir ao centro do ouvido, cintilante, a onda da lâmina de um guerreiro, guardião cozinheiro, se não mata fere, velho amigo sem a mudez do D.
Escrevo enquanto ouço uso óleo e vejo muito, ele me fez ouvir palavra como filmes, como fotos e me esbaldo em prazer e verdade, escrevo só escrevo o amor é como um raio, como filmes, como raio ele diz e eu enxergo: o disco revirado em tempo, o plano que dança oscilante em certeza, como a ação do som (como um rádio) na lâmina que vira cobra que vira ilusão que vira o vinil, o raio, a mediana, a roda o olhar para longe do reflexo de sol que rebate da janela e grava minha íris - a retina sem sina, vê dali a flor girando girando e uma sede de jarra d'água, suando no meu ouvido.
Djavan ser pop e luz, pai e mãe, estive perto dele num sonho e ouvi dois segredos.

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